Muitos conceitos de dispositivos e tecnologias são produzidos para fins apenas publicitários, alimentando o rol de possibilidades e imaginações. Frequentemente são elaborados com premissas problemáticas e sem considerações sobre as relações de poder e exploração que promovem. Curiosamente (e ainda bem?) não chegam a serem efetivamente produzidos ou distribuídos – são apenas para deslumbrar jurados.
O SafeCap desenvolvido por uma agência publicitária brasileira para uma montadora de veículos é um exemplo da ideação publicitária de soluções diversionistas. O boné usaria acelerômetro para identificar quando a cabeça de um motorista pende de forma a identificar o sono repentino. Em seguida, o acordaria com vibração, som e luz.
Fora da construção de case de inovação nas premiações publicitárias, a tecnologia foi criticada pelo problema óbvio e ululante: a frequente causa de sono ao volante entre motoristas de caminhão são as jornadas desumanas fruto de pagamento injusto.
Neste contexto, o boné seria apenas uma solução individualista que atribui nova carga de responsabilidade ao funcionário – e ao mesmo tempo poderia isentar legalmente contratantes ao deslocar o “erro” ao motorista que teria ignorado mais uma tecnologia pavloviana de controle.