Transporte público é um direito social que promove cidadania, reforça a liberdade de ir e vir e incentiva economia e cultura. Entretanto, a privatização nociva do espaço público tem nas empresas de transporte uma das facetas mais cruéis.
A catraca, especialmente em ônibus, representa a normalização da interdição ao exercício do direito ao transporte público. Também incorpora a suspeição e impedimento físico ao acesso como precondição. Quem já teve oportunidade de visitar países com algum nível de bem-estar social talvez se espantou com a ausência de catracas e modelo de validação de cartões que oferecem um nível melhor de mobilidade nos veículos.
Entretanto, tanto a catraca em sua materialidade quanto a prática de cobrança podem virar peças de museu no futuro. Abolir cobrança por transporte público – e por consequência as catracas – é também revogar as barreiras impostas que restringem acessibilidade e variedade de tamanhos, formatos e contextos dos corpos.
