Companhias aéreas são conhecidas por desenvolverem mecanismos tecnológicos, procedimentais e/ou legislativos para otimizar custos e aumentar lucros. Quem acompanhou a querela sobre a cobrança de bagagens no Brasil e como as companhias aéreas convenceram parte da população que seria uma boa ideia. Não foi.
O dispositivo Knee Defender é um exemplo extremamente loquaz sobre o individualismo anti-social para a solução de problemas – e faturar com o conflito. Contra a tendência de encolhimento do espaço para pernas entre poltronas em aviões, Ira Goldman viu uma oportunidade de negócio: dar a seus consumidores a chance de reagir da forma mais individualista possível.
Funciona da seguinte forma. O desenho do dispositivo foi criado para que o passageiro incomodado encaixe o Knee Defender na poltrona da frente e impeça que seja reclinada. A partir daí, o usuário do dispositivo aposta que o passageiro da frente desista de reclinar ao não conseguir e nem perceba que foi bloqueado. Caso perceba, o usuário do dispositivo buscará argumentar pelo seu próprio conforto – ao invés de ter iniciado o processo com uma conversa amigável.
Como era de se esperar, a existência do dispositivo gerou conflitos que levaram até a desvios de voos ocasionados por brigas e agressão física. A solução individualista gerou receita pro inovador, uma nova regulação permitindo à companhias aéreas a proibir o uso. E o espaço entre as poltronas continua a encolher.