Carro Particular

O mundo está em guerra por causa do petróleo. E você queima o petróleo para levar uma lataria que pesa 700 quilos e lá dentro tem um cretino de 70 quilos. Alguma coisa está errada“. – Paulo Mendes da Rocha

Garoto propaganda do capitalismo, o carro particular é um pilar da construção de desejos individualistas e do consumo como diferenciação social. Para manutenção e expansão do negócio das montadoras e indústrias decorrentes, o carro particular é uma tecnologia quase à prova de críticas sociais e coletivas.

Com cerca de 1,5 bilhões de carros em atividade em torno do mundo, o veículo com frequência poderia ser substituído por alternativas em mundos com visões também alternativas. Mesmo governos desenvolvimentistas e consumeristas de esquerda levaram como sucesso a compra de carros particulares – ao invés da promoção de valores de coletividade em torno do transporte público.

Tornou-se quase um ditado popular a relação entre carros grandes e possantes e construções de masculinismos nocivos. Potência, velocidade, demarcação de espaço e luxo conspícuo tornam-se itens de comparação e competição patriarcal.

Toda esta ideologia se espraia em práticas e decisões com impactos nas esferas cotidianas da vida. Transporte público de qualidade e a infraestrutura necessárias para tal são frequentemente deixados de lado em prol do sonho do carro – zero – particular.

Parece não apenas possível como necessário que a ideologia do carro particular seja substituída pelo desejo e valorização de outros arranjos.

Se toda a população mundial tivesse o padrão de consumo dos EUA, teríamos 5 bilhões de carros no mundo. Precisamos “democratizar” o consumo ou democratizar o bem viver alternativo?

Visualizar o espaço necessário para mover pessoas no espaço urbano entre diferentes modais é comum. Para além do espaço, envolve também desperdício de recursos, exploração do meio ambiente e fatores sociais.