A idealização dos leitos-caixões são exemplo tanto do mercado da tragédia quanto do design-centrismo que ignora especialistas de domínio.
Em maio de 2020, o protótipo circulou na imprensa internacional como possível solução contra os problemas de superlotação de hospitais e da necessidade de covas coletivas.
O leito-caixão foi desenvolvido por publicitários e designers de uma empresa de marketing de ponto-de-venda e tinha como seu grande diferencial o custo, bem mais baixo do que o valor de um leito tradicional e um caixão padrão somados. Entretanto, a desumanidade de transformar o espaço de cuidados médicos em um espaço da morte possível e provável ignorou conhecimentos específicos sobre saúde coletiva, enfermagem e terminalidade.
No final das contas, o leito-caixão não decolou. Ficou na memória apenas como uma grande ação de marketing para a empresa de displays. E como um lembrete de que o technochauvinismo desrespeita o potencial humanista dos especialistas em cuidados humanos.